terça-feira, 16 de setembro de 2008

METáFORA

Senhores,
Segue a letra sobre a música Metáfora, de Gil, curiosidades e a palavra do autor sobre ela. Se quiserem ouvi-la cliquem aqui ou no link ao lado. Os textos recentes também estão disponíveis.
Um abraço e aproveitem.
[G]


Metáfora
música e letra: Gilberto Gil
1982
...
Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

© Gege Edições Musicais ltda (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo)

"Metáfora é metalinguística: o poeta falando sobre a poesia: sobre a própria linguagem poética a se desvelar, se dizer o que é, se revelar.

"Uma canção que transcende ao propósito genérico da minha obra que é ser uma obra de compositor, como se houvesse um ligeiro deslocamento do ser poético para cima do ser musical, ou talvez para o lado; de todo modo, um deslocamento qualquer que lhe dá distinção."

"Metáfora: uma palavra com contundência sonora, traduzida diretamente do grego."

Inspiração durante a elaboração - "Só um ano, ou mais, depois de escrever o primeiro terceto num caderno e deixá-lo de lado, eu retornei à letra. Desde o início eu queria falar do significado da poesia - poetar o poetar -, mas até ali a palavra 'metáfora' ainda não tinha me ocorrido. Foi somente quando, ao começar o segundo terceto, surgiu a idéia de 'meta', que o termo me veio, e com ele a consciência de que, dali em diante, eu passaria a construir a letra para chegar à palavra 'metáfora' no fim - para culminar com ela e com ela titular a canção."

Dúvidas de percurso - "Enquanto escrevia, eu relutei em usar 'tudo-nada' [aqui, tal como o composto foi grafado no encarte do disco com a música] como uma palavra só, mas resolvi mantê-la assim para marcar a idéia da condensação dos sentidos, por mais opostos, num mesmo e único termo; só faltou radicalizar tirando o hífen e deixando 'tudonada', grafia [sugerida pelo coordenador deste livro] que passo a adotar. Outra relutância foi em admitir a brincadeira contida no verso 'deixe a sua meta fora da disputa' - o desmembramento da palavra antes de ela aparecer. Pareceu-me de início gratuito, mas acabei achando engenhoso."

À patrulha ideológica - "Eu queria responder às cobranças, que nos eram feitas na época, de conteúdos mais dirigidamente politico-sociais, e falar da independência do poeta; do fato de a poesia e a arte em geral pertencerem ao mundo da indeterminação, da incerteza, da imprevisibilidade, da liberdade, do paradoxo. O poeta Haroldo de Campos se identificou com a canção, que de fato é sobre - e para - todos nós: eles, os concretistas, que foram atacados pelos conteudistas, e nós, os baianos, que abraçamos a causa deles."

5 comentários:

Anônimo disse...

Boa Gabriel. Isso é o que eu chamo de blog up to date.
Um beijo grande
Sergio Mota

FELLIPE CARTIER disse...

Bem Sérgio...

Já que o blog chama-se RECALQUETERIA passo aqui só pra deixá-lo menos recalcado. Afinal não é muito sadio falar ou comentar com o "nada". Provando que participo deste, aqui vai um "alô" junto de um agradecimento pela visita.

Abraços

Felipe Cartier

Anônimo disse...

Que bom ter seus comentários no nosso blog, professor! Seje sempre bem-vindo!!!

Camila

Anônimo disse...

Que bom ter seus comentários no nosso blog, professor! Seja sempre bem-vindo!!!

Camila

Anônimo disse...

rá! agora todo mundo vindo comentar depois do puxão de orelha do sergio mota... :)